Editorial | Ordem, Limites e Responsabilidades: A Urgência de Reequilibrar os Três Poderes

    A República brasileira atravessa um momento de profundo desalinhamento entre suas instituições.
O que deveria ser um sistema de freios e contrapesos — fundamento da separação dos Três Poderes — tem se transformado num campo de disputas onde os limites constitucionais são ignorados, frequentemente em nome de agendas pessoais ou ideológicas.
    
A Constituição de 1988 desenhou um modelo claro: ao Legislativo cabe fazer as leis; ao Executivo, governar; ao Judiciário, julgar.

Mas quando ministros do Supremo Tribunal Federal comentam projetos de lei antes mesmo de serem votados; quando decisões monocráticas suspendem políticas públicas legitimamente aprovadas; ou quando o presidente da República governa por medidas provisórias sem diálogo real com o Congresso — estamos diante de uma desordem institucional que mina a confiança da população.
    
    O Brasil precisa urgentemente retomar os trilhos da ordem. Não há democracia sólida onde o Judiciário extrapola suas funções, substituindo o debate legislativo pelo ativismo jurídico. Tampouco há estabilidade quando o Executivo cede à tentação do populismo ou da centralização autoritária. O Parlamento, por sua vez, não pode seguir refém de interesses corporativos ou fisiológicos, esquecendo sua responsabilidade perante o povo.

    A tradição conservadora ensina que instituições fortes não se fazem com rupturas, mas com respeito às regras, continuidade e responsabilidade. É hora de revalorizar os pilares da nossa democracia: a lei, a autoridade legítima e os costumes republicanos.

    A sociedade civil também tem um papel vital. É preciso cobrar, sim — mas com consciência. Rejeitar tanto o autoritarismo travestido de modernidade quanto o relativismo moral que corrói o senso de dever público. Precisamos de líderes comprometidos com o bem comum, não com lacração ou vendetas políticas.

    Que cada Poder retorne ao seu lugar. Que o Brasil reencontre na ordem e no respeito institucional o caminho para o progresso — não o da utopia, mas o da responsabilidade e da liberdade com limites. Porque a verdadeira força de uma nação não está na vontade de um homem ou de um tribunal, mas na fidelidade à lei e na confiança entre seus cidadãos e suas instituições.

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