Influência das Redes Sociais na Saúde Mental dos Jovens em 2025
Influência das Redes Sociais na Saúde Mental dos Jovens em 2025
Uso excessivo, realidade distorcida e solidão digital preocupam especialistas brasileiros
ELDORADO DO SUL – O Brasil ultrapassou 147 milhões de usuários ativos em redes sociais neste ano, segundo dados da consultoria WeSocial/Global Index. A maior parte desse público está entre 14 e 29 anos. Em 2025, as redes não são mais apenas ferramentas de comunicação: tornaram-se espaços de construção de identidade, validação social e, muitas vezes, de sofrimento emocional silencioso.
Com a ascensão de plataformas como MirrorSpace, que utiliza realidade aumentada e inteligência artificial para criar experiências digitais imersivas, jovens brasileiros estão cada vez mais expostos a padrões inalcançáveis, ambientes de comparação constante e interações que afetam diretamente a autoestima.
Pressão para performar o “perfeito”
Na sala de espera do ambulatório de psiquiatria infantil da UFMG, a psicóloga clínica Dra. Helena Ribeiro, que atende adolescentes desde 2010, relata uma mudança significativa nos últimos três anos: “Cerca de 80% dos adolescentes que me procuram mencionam as redes como fonte de ansiedade. A ideia de que precisam mostrar felicidade, sucesso e beleza o tempo todo tem um impacto devastador”, explica.
Ela menciona o caso de uma paciente de 16 anos que chorava porque seu vídeo no TikTok 2.0 “só teve 800 curtidas”, enquanto o da amiga passou de 10 mil. “A comparação constante mina o senso de valor próprio”, afirma.
Ansiedade e vício digital: uma epidemia invisível
Segundo especialistas, os atendimentos psicológicos na rede pública voltados para jovens aumentaram 39% entre 2022 e 2025. Grande parte das queixas envolve sintomas de ansiedade, insônia, irritabilidade e dificuldade de concentração, frequentemente relacionados ao uso excessivo das redes.
O neurocientista Dr. Marcelo Tavares, da PUC, alerta que as plataformas são projetadas para manter os usuários conectados por longos períodos. “Elas exploram mecanismos cerebrais de recompensa. Cada notificação, cada nova visualização, é como um pequeno estímulo de dopamina”, explica. “O cérebro do adolescente, que ainda está em formação, se torna vulnerável a esse ciclo viciante.”
Solidão em tempos hiperconectados
Um levantamento realizado pela Fundação João Pinheiro, com 1.200 jovens de escolas públicas, revelou que 67% se sentem solitários, apesar de passarem mais de cinco horas diárias conectados. “A conexão digital é intensa, mas superficial. Muitos jovens têm dificuldade em desenvolver vínculos reais fora da tela”, diz a socióloga Patrícia Fernandes, coordenadora da pesquisa.
A estudante Larissa Menezes, 17 anos, do bairro Barreiro, conta que desativou as redes por duas semanas após uma crise de ansiedade. “Achei que ia me sentir desconectada do mundo, mas foi o contrário. Dormi melhor, conversei mais com minha mãe, voltei a desenhar. Hoje uso o celular com mais consciência”, relata.
Movimentos por uma vida digital equilibrada
Grupos como o #Desplugue e o coletivo “Rede Offline”, criados por alunos do IFMG e da UFMG, promovem ações de desintoxicação digital, encontros sem celulares e oficinas de bem-estar mental. O movimento vem ganhando força em cidades pelo Brasil.
“Não é ser contra a tecnologia. É sobre aprender a usá-la de forma saudável”, explica o estudante de psicologia Lucas Almeida, um dos fundadores do coletivo. Ele defende que o debate sobre saúde mental nas redes precisa sair dos consultórios e entrar nas escolas, nas comunidades e nas famílias.
Educação e regulação: o caminho possível
Em resposta à crescente preocupação, o Ministério da Educação incluiu, este ano, o eixo “Tecnologia e Saúde Emocional” na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), com foco no ensino fundamental II e médio. A proposta prevê atividades práticas para desenvolver pensamento crítico sobre o uso de telas e redes sociais.
No Congresso Nacional, tramita o Projeto de Lei 495/2024, que pretende obrigar plataformas digitais a disponibilizar relatórios mensais de uso para pais e responsáveis de menores de idade, além de limitar a publicidade direcionada a esse público.
O desafio do equilíbrio
A geração que cresceu conectada enfrenta agora o desafio de se proteger da própria conexão. A influência das redes sociais na saúde mental dos jovens é uma realidade complexa, que exige respostas coletivas, políticas públicas eficazes e, sobretudo, escuta ativa dos próprios adolescentes.
“Se quisermos preservar a saúde emocional da juventude, precisamos criar espaços de diálogo, pertencimento e autenticidade – tanto no mundo físico quanto no digital”, conclui Dra. Helena Ribeiro.
SERVIÇO:
📌 Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP)
Como ser atendido no SAPP?
Os serviços são gratuitos e voltados somente para moradores/as
de Porto Alegre/RS.
Pessoas interessadas devem entrar em contato para iniciar o
processo de acolhimento, com entrevistas em horários previamente agendados. A
participação nesse processo não garante a continuidade de tratamento
psicoterapêutico ou em outras modalidades. A indicação de atendimento para cada
usuário/a será avaliada ao longo do acolhimento.
Datas para marcação de acolhimento em 2025:
Formas de agendamento do acolhimento:
Cadastro pelo formulário: enquanto houver vagas disponíveis.
☎️ Telefone: (51) 3320-3561, das 15h às 16h ou enquanto houver
vagas disponíveis.
Importante: Não realizamos agendamentos presenciais.
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